quinta-feira, 2 de março de 2017

Em seu segundo livro, Enrico Cietta aborda questões econômicas da moda

Consultor italiano lança mundialmente o livro "Economia da Moda - Porque hoje um modelo de negócio vale mais que uma boa coleção", no qual defende que o modelo de negócios no mundo fashion é mais importante que as criações




O segundo livro de Enrico Cietta busca levar a empresários, profissionais e estudantes de moda conhecimentos e discussões acerca dos inúmeros negócios que a indústria fashion é capaz de gerar, direta ou indiretamente. Intitulada "Economia da Moda - Porque hoje um modelo de negócio vale mais que uma boa coleção", a obra terá lançamento mundial aqui no Brasil, pela editora Estação das Letras e Cores, com versões em inglês e italiano, além de português. 

O Brasil foi escolhido porque Enrico Cietta, nos últimos anos, fez uma série de consultorias para marcas nacionais e com isso conviveu de perto com questões de nosso país. Em sua opinião, aqui é um lugar muito interessante para experimentações, devido a fatores como: população jovem, facilidade com o celular e acessibilidade a internet. Algumas particularidades brasileiras também chamaram atenção do consultor italiano, como o caso das sacoleiras - fenômeno ainda mais forte em regiões como o Nordeste, em que há empresas que faturam até 90% via sacoleiras. Uma situação que não tem paralelo em qualquer outro país.
O atual livro amplia as discussões da obra "A revolução do fast-fashion - estratégias e modelos organizativos para competir nas indústrias híbridas", lançado em 2010.

Cietta esclarece que teve o intuito de facilitar a explicação dos temas debatidos em contextos acadêmicos, geralmente, com uma linguagem distante do dia-dia das empresas e do mercado. 
"Meu objetivo é explicar como o economista pode ajudar uma empresa de moda a crescer e que relações existem entre a teoria econômica e a gestão da empresa. Nesse livro, é apresentada pela primeira vez a teoria dos produtos criativos híbridos, cujos valores são construídos seja no aspecto físico/material como no criativo/imaterial; e de como esses produtos estão mudando a escolha dos consumidores e o jeito de competir das empresas".

Segundo ele, os estudos acadêmicos realizados até então "tratam quase sempre da economia da empresa, e não do setor específico da moda". É essa mudança de viés que o autor busca nos dez capítulos em que aborda, praticamente, toda a indústria fashion e suas nuances. De fato, existem percursos de leituras para o diferente público: empresários, acadêmicos e até pessoas comuns interessadas em conhecer o backstage da indústria da moda.

"Questões como a sustentabilidade ambiental, a velocidade do consumo de moda, o papel da internet, a ascensão do não-profissionalismo em algumas áreas da empresa, o trabalho escravo e a responsabilidade social, a cocriação e a fábrica compartilhada com o advento dos "creators" - só para fazer alguns exemplos - estão mudando estruturalmente o setor e são do interesse tanto de um público profissional quanto de pessoas comuns que querem entender melhor o setor".

Entre os temas discutidos, está o desafio das empresas se tornarem, de fato, sustentáveis. Segundo ele, hoje as marcas mais evoluídas do setor entendem que precisam agregar valor à cadeia inteira, e não apenas no produto final que chega na mão dos consumidores. Outro ponto interessante da obra é como a economia criativa pode ser usada pelas marcas. Cietta destaca que a moda não se trata de uma produção simples, mas sim um híbrido entre produto cultural e produto manufatureiro. Nesse setor não há consumo sem que exista o produto físico, diferente da indústria musical ou cinematográfica, por exemplo, e isso torna a cadeia de construção de valor e a competição no mercado ainda mais complexas.

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