terça-feira, 12 de abril de 2011

Hotel chiquerrimo Faena vai ter filial no Brasil



O argentino Alan Faena, 46 anos, não é um empresário convencional do mundo hoteleiro. Excêntrico e visionário, resolveu criar um hotel de luxo em uma área abandonada de Buenos Aires. Mais de uma década depois, o Faena Hotel + Universe é o hotel mais badalado no bairro mais valorizado da capital argentina: Puerto Madero. Não satisfeito, o empresário expandiu seus domínios para o setor imobiliário e criou um complexo residencial e cultural junto ao hotel: o Faena Art District, com um investimento de 300 milhões de dólares.


Sempre apoiado pelo mesmo grupo de investidores – o russo Len Blavatnik, presidente da empresa de energia Access Industries; os irmãos Christopher e Robert Burch, do fundo de investimento Red Badge; e Austin Hearst, neto do magnata das comunicações William Randolph Hearst –, Alan Faena vem a São Paulo nesta quinta-feira para um jantar. Na ocasião, apresentará a empresários brasileiros o Faena Art Distric, que vem sendo inaugurado em etapas e deverá estar completamente pronto este ano.
A vida do empresário, entretanto, não é só glamour. Ele precisa urgentemente encontrar em São Paulo um local para construir seu hotel e a estafante busca pela propriedade dura mais de um ano. Faena já foi assessorado pela prestigiada consultoria imobiliária Jones Lang LaSalle, mas os altos preços do mercado paulistano e a escassez de terrenos em locais valorizados têm sido um impedimento. Antes de desembarcar no país, o empresário falou ao site de VEJA: “Gostaríamos de estar no melhor lugar, com a melhor localização, mas essa fórmula está bem difícil de encontrar”, afirmou.

Os planos de abrir um Hotel Faena no Brasil em 2012 ainda estão de pé?
Sempre quisemos desenvolver um projeto no Brasil. No entanto, para fazer um hotel como o nosso, é preciso achar um terreno conveniente e grande. Não encontramos nada ainda. Analisamos várias propriedades, mas em nenhuma delas poderíamos desenvolver essa mistura de arte, cultura e arquitetura que caracteriza o Faena.
O hotel teria de ser tão grande quanto o de Buenos Aires, que ocupa 25.000 metros quadrados?
Não necessariamente, mas é indispensável que seja um espaço que nos permita desenvolver esse conceito de universo que temos na Argentina.

Como é esse conceito?
Não sou um hoteleiro convencional. Não estou nesse negócio para vender cama. Gosto de pensar em hotéis como centros de experiências culturais, gastronômicas e de entretenimento, onde uma pessoa possa dormir no melhor quarto da cidade, com uma decoração incrível e uma vista maravilhosa.
Encontrar uma área no Brasil que não seja tão valorizada – como era Puerto Madero, em Buenos Aires, há uma década – é uma opção?
Obviamente, eu e meus sócios gostaríamos de estar no melhor lugar, com a melhor localização, mas essa fórmula é difícil de encontrar. Exige paciência, sorte e estar atento às oportunidades que se apresentam.
Puerto Madero não era o melhor lugar quando o Faena se instalou por lá.
Buenos Aires é uma cidade que, por décadas, deu as costas para o rio. Esse lado era considerado distante e abandonado. Só que Puerto Madero está, ao mesmo tempo, no coração da cidade! Então é preciso ser visionário para captar para onde o desenvolvimento irá. Muitas vezes os melhores lugares não são os mais óbvios. E hoje Puerto Madero é a área residencial mais valorizada da cidade.
É um bom momento para entrar no Brasil?
Sempre é um bom momento para isso. O problema é que hoje há muita concorrência, o que elevou muito os valores das propriedades.
Segundo os analistas, os preços não deverão cair tão cedo. Isso é um impedimento para o Faena?
Não. Se encontrarmos a propriedade que queremos e o valor estiver dentro dos parâmetros de mercado, desenvolveremos o projeto.
Quais serão os investidores desse projeto no Brasil?
Os mesmos de Buenos Aires: Len Blavatnik, os irmãos Christopher e Robert Burch e Austin Hearst. Mas também estamos à procura de investidores locais.


Houve contato com bancos de investimento no Brasil?
Não. Falamos com algumas incorporadoras e analisamos algumas oportunidades, mas o problema continua a ser o fato de não encontrarmos a propriedade certa.
Quais são os principais desafios de estabelecer um projeto como esse em São Paulo?
São Paulo é uma cidade enorme e cosmopolita e, como em todas as cidades com esse perfil, os habitantes buscam espaços onde possam se desconectar do ruído urbano. Nosso desafio não é a cidade em si, mas conseguir construir esse espaço de conexão entre os habitantes e seu próprio universo interior, proporcionando diversas experiências sensoriais e culturais.
Como fazer com que o Faena no Brasil se diferencie do Fasano, já que ambos têm o mesmo designer (Philippe Starck)?
Somos muito mais do que um designer. Nossa filosofia se apóia no desenho, um desenho que a interpreta e acompanha. Phillippe foi um grande intérprete de nossas ideias, mas ele mesmo diz que nosso hotel é o “menos Starck” de todos os seus trabalhos. Atualmente, nossos projetos são desenvolvidos por outros arquitetos, como o britânico Norman Foster, por exemplo. Então não creio que haverá problema.
Como os problemas econômicos da Argentina afetaram os negócios do grupo?
Felizmente a crise não nos afetou e conseguimos crescer em momentos difíceis como esse. Para o Faena e para o turismo na Argentina, o mercado continuou muito interessante.
Há projetos para outros locais, além do Brasil e da Argentina?
Sim, eu e meus investidores estamos desenvolvendo, mas falarei disso só no momento oportuno.

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